OS
MANUSCRITOS DO MAR MORTO
Como nos tem ajudado
a entender a existência de “2 leis”.
Com respeito aos Manuscritos do Mar Morto vou
somente mencionar um exemplo para que vejamos como o descobrimento destes
manuscritos e o descobrimento da historia e o conhecer aspectos culturais do
povo de Israel é sumamente essencial para compreender sobre todo o Novo Testamento,
porque é tão importante conhecer a cultura, os términos técnicos hebreus e
judeus que os rabinos usam e etc. Veremos porque é tão importante para poder
entender por exemplo as cartas de Paulo. O mesmo apostolo Pedro em sua segunda
carta, disse que as cartas de Paulo eram difíceis de entender:
2 Pedro 3:15 E tende por
salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo
vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada;
2 Pedro
3:16 Falando
disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de
entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras
Escrituras, para sua própria perdição.
Se para Pedro, que foi um contemporâneo de Paulo,
as cartas dele eram difíceis de entender, o que será para nós que não vivemos
nesta cultura e estamos distanciados a mais de 2000 anos com respeito a ele? Então
é uma arrogância extraordinária o que alguém possa dizer que já entende o que
Paulo dizia.
Podemos investigar o judaísmo da época de Paulo,
que se acreditava neste época, como era a fé dos apóstolos, e desta maneira
poderemos nos aproximar o mais possível ao que eles ensinavam e criam.
Um dos exemplos que mais tem causado confusão na
teologia crista e em muitos dos comentários dos mais respeitados (do nível de Juanribe
Pagliarin e muitos outros, em que uma época para mim era a palavra de Deus), o
vemos em termino que aparece em alguns dos escritos que se encontraram no Mar
Morto e que nos ajuda a entender um pré juízo de séculos e que é uma das
maiores causas de divisão e separação entre o Judaísmo e o Cristianismo.
Se existe um tema que divide completamente e de
maneira irreconciliável a cristianismo e judaísmo (a parte de Yeshua como
Messias) e que é uma das causas principais pelas quais um judeu não reconhece a
Yeshua (Jesus) como o Messias, é pelo tema da lei de Moisés. A lei de Moisés desde
a perspectiva dos judeus, é o cimento da fé; o mais importante, o mais venerado
e exaltado no povo judeu.
Durante as festividades, do Dia de Repouso, se tira
o rolo da Torah a quem lhe da um respeito e uma veneração extraordinária, pois
se considera a máxima benção e herança que uma pessoa possa receber (a
instrução da lei). Porém, pela parte do cristianismo, ao que varia entre
denominações, a lei sempre se tem visto desde uma perspectiva bastante
negativa, chegando incluso a falar-se da “Maldição
da lei” e se pensa que se alguém trata de obedecer a lei de
Moisés, automaticamente caiu da graça, está desligado de Cristo e está debaixo
da maldição. Assim que para um judeu este pensamento é totalmente contraditório
e eles pensam: “Como um cristão pode nos dizer que Jesus é o Messias se seus discípulos
não estão cumprindo a lei? Isto é totalmente oposto ao que o Messias vai vir
fazer, porque o Messias vai ensinar a lei as nações”.
Então, porque neste simples detalhe não se pode
colocar-se de acordo ambas religiões? Pois por um detalhe de entendimento e
compreensão de um termino que Paulo utilizou em suas cartas, que não poderíamos
saber ao que se referia até que se descobriu os Rolos do Mar Morto.
Este termino Paulo utilizou continuamente, sobre
tudo em sua carta aos Gálatas e
aos Romanos ao mencionar a frase “Obras da Lei”. Esta tem sido a frase mais mal
interpretada na historia do cristianismo e o que tem causado a divisão entre as
teologias crista e judaica. Se lemos superficialmente ambas as cartas, quando
aparece a frase “obras da lei”, o teólogo
cristão automaticamente a associa a lei de Moisés. Daí entenderíamos que o que
está tratando de justificar-se pelas obras da
lei está debaixo da maldição.
Assim que todos estes textos, lido desde uma
perspectiva crista, implica que não devemos obedecer a lei de Moisés, porque
assim estamos caindo da graça e perdemos a salvação se tratemos de nos
justificar-nos por ela. Porém se um judeu ler esta frase superficialmente, ele
pensará: “ Como este escritor se atreve (pois para os judeus Paulo é um
comentarista a mais) que tratar de obedecer a lei de Moisés se amaldiçoa. Está totalmente louco! Se Moisés disse que se
obedecemos tudo o que aparece em Êxodo 28
teríamos uma lista de benção por
obedecer a lei, e uma lista de maldições por não obedecer. Este comentarista
está dizendo tudo ao contrario de Moisés”.
Assim que uma de dois, ou Moisés está mal ou Paulo
está mal. Não há outra. Alem do mais, se lemos os profetas se fala que Israel
foi castigado por desobedecer a lei, esta é a mensagem de todos os profetas:
Oséias 4:6 O meu povo foi destruído, porque lhe
faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o
conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de
mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de
teus filhos.
Nos salmos vemos como o rei David exalta a lei:
Salmos
119:9 Com que
purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.
Salmos
119:10 Com
todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos.
Salmos
119:11 Escondi a tua palavra no meu
coração, para eu não pecar contra ti.
Este aparente
conflito entre Moisés e Paulo se resumiria assim: “Um dos dois tem que estar
errado, pois Moisés disse que seremos abençoados se obedecemos a lei, e Paulo
disse que se obedecemos a lei caímos da graça e estamos debaixo da maldição”.
Porém outra poderia ser que nós sejamos os que não
entendemos nem a Moisés e nem a Paulo. A solução deste problema encontraremos
no que o apostolo Pedro em sua segunda carta (como vimos antes disse)
2 Pedro 3:15 E tende por
salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo
vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada;
2 Pedro
3:16 Falando
disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de
entender, que os indoutos e
inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria
perdição.
Desde a perspectiva do apostolo Pedro um indouto
era uma pessoa sem doutrina, e uma pessoa com doutrina era aquela que tinha o
conhecimento da lei de Moisés, da qual Paulo disse a Timóteo:
2 Timóteo
3:14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de
que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido,
2 Timóteo
3:15 E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras,
que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo
Jesus.
2 Timóteo
3:16 Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para
ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;
2 Timóteo
3:17 Para que o homem de Deus seja
perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.
Uma pessoa sem doutrina e sem a lei de Moisés vai
distorcer as palavras de Paulo. Assim que uma de dois, ou Paulo está
contradizendo Moisés, ao dizer que obedecer a lei é uma maldição (neste caso
Paulo é um falso profeta e deveria ser apedrejado) ou não estamos lhe entendendo.
Pois por um lado Paulo nos disse duas coisas aparentemente contraditórias:
Gálatas
3:10 Todos aqueles, pois, que são das
obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito
todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro
da lei, para fazê-las.
Romanos
2:13 Porque os que ouvem a lei não são
justos diante de Deus, mas os que praticam a
lei hão de ser justificados.
Quem pode entender a Paulo? Quem nos poderá
resolver este seu conflito? A solução é muito simples e se encontra nos
Manuscritos do Mar Morto. A frase “Obras da lei”
não aparece em nenhum texto do Antigo Testamento. Então ao que Paulo faz
referencia nesta frase?
Nenhum
comentário que se tenha feito antes do descobrimento desses documentos podia
saber ao que se referia Paulo, até que se traduziram e se encontrou um tratado
que justamente se chama em hebraico Maasei HaTorah (Obras da Lei). Por fim
podemos resolver a aparente contradição, ver que Paulo não estava contradizendo
e podemos ver que quando Paulo se refere a “Obras da lei” não está falando da
lei de Moisés obviamente, senão que fala das interpretações dos rabinos acerca
da lei de Moisés.
Quer dizer,
falava de todas as interpretações dos rabinos de sua época que haviam rejeitado
a autoridade de Yeshua como Messias, eles davam suas próprias interpretações
acerca de como se justificar e obter a salvação observando determinados rituais
e cerimônias. Porque na época de Yeshua alguns estavam seguindo aos rabinos, e
o Messias lhes disse que Ele era a autoridade, e neste momento as pessoas tinha
que decidir entre seguir Yeshua como o Rabino dos rabinos (como Messias rei de
Israel), ou seguir aos rabinos.
Isto é o que
Paulo trata em sua carta aos Gálatas e aos Romanos quando disse que se já veio
o Messias, lhe sigamos e não tratemos de justificarmos pelo que digam aos
comentaristas ou rabinos. Por isto Paulo disse (aos que haviam decidido seguir
as obras da lei ao invés de Yeshua)
Gálatas 5:4 Separados estais de
Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.
Como podemos
estar seguros de que quando Paulo menciona a palavra “lei” não necessariamente está
falando da lei de Moisés?
Vejamos
alguns exemplos para comprovar que quando fala de lei não devemos assumir
diretamente que esteja falando da lei de Moisés;
1 Coríntios 14:34 As vossas mulheres
estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam
sujeitas, como também ordena a lei.
Aqui vemos
um exemplo claríssimo de que quando Paulo usa a palavra lei não esta
necessariamente falando da lei de Moisés, porque em nenhum lugar da lei de
Moisés e nem no Antigo Testamento disse que as mulheres não falem na
congregação. Então de qual lei Paulo está falando? Isto é o que muitos teólogos
cristãos por arrogância ou por uma tradição histórica de prejuízos contra o
povo judeu não sabem que no Judaísmo existe 02 leis.
1°) A Lei
Escrita que é a Lei de Moisés.
2°) A lei
Oral que é o conjunto de comentários ao longo da historia que atualmente se
conhece como Talmud.
Assim que,
em essência o que Paulo trata de dizer em Gálatas 5:4
é que não tratemos de salvar-nos pelo que digam os comentaristas, senão pelo
que disse a Lei de Moisés.
A melhor maneira
de comentar a Bíblia é usando o mesmo método que usaram os apóstolos. Se alguém
analisa o Novo Testamento, na realidade, tanto Yeshua como os apóstolos, na
hora de expor ou fazer doutrina de algo, simplesmente eles extraiam da lei e
dos profetas e os salmos, isto era tudo o que faziam, expor o que já estava
escrito. Assim que, na hora de fazer o comentário de alguma passagem, ao invés de
ir buscar uma enciclopédia ou Comentário determinados, o método que eu sigo é
simplesmente dizer: “Isto está escrito aqui, também o disse outro profeta, ou
também está escrito aqui, e ali e se da a explicação”, pois a Maioria das passagem
do Novo Testamento tem sua explicação ao conhecer o Antigo Testamento.
Porém devido
ao que o cristianismo muitas vezes teve um pré juízo acerca do que está escrito
no Antigo Testamento, ao considerar que “já não havia que dar tanta importância”,
se perdeu automaticamente muitas das riquezas e do fundamento para interpretar
o Novo Testamento.
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